Devido à repercussão da desastrosa atuação dos seus ministros e da equipe de governo em geral, Lula decidiu cuidar pessoalmente das relações de poder com o Legislativo e do próprio conturbado relacionamento com a imprensa, que já não consegue mais “passar pano”.
O petista abriu uma desesperada agenda para reverter a péssima repercussão doméstica deste lastimável terceiro mandato.
Desmoralizado e ridicularizado, principalmente pela pasta da economia, que, na figura de Fernando Haddad, tem gerado, há meses, uma publicidade negativa com milhões de memes que fazem referência à falta de inovação e à incompetência do governo, o presidente parece tentar evitar uma humilhação nas eleições municipais de 2024.
É nítida a mudança brusca no leme do governo.
Lula passou a diminuir as viagens internacionais, dando mais foco e presença em obras internas, em encontros com movimentos populares, eventos comemorativos e, mesmo com dificuldades cognitivas, passou a responder a perguntas dos jornalistas, concedendo mais entrevistas em rádios e TV.
Contudo, essa não é uma movimentação esperada de alguém que aparentava “pouco se lixar” com as repercussões negativas da ineficiência de um governo que literalmente só pensa em taxar a população. Porém, o velho lobo comunista demonstra ainda ter uma aptidão inerente à previsão de desastres políticos que permeiam os governos do PT.
Em maio, em meio à tragédia do Rio Grande do Sul, Luiz Inácio se reuniu com os chefes das duas casas: Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal. Na ocasião, o chefe do Executivo aproveitou o encontro para diminuir a temperatura provocada pelos atritos com Alexandre Padilha, ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais.
Após isso, os dois passaram a se cumprimentar em eventos e até mostraram-se amistosos em um encontro de apoio à futura sucessão da presidência da Câmara, na ocasião do aniversário do deputado Elmar, cotado como possível candidato e sucessor de Lira.
Porém, não foi apenas esse acontecimento que evidenciou a articulação de Lula na retomada das rédeas nas relações de poder. O evento contou com o “pelotão de choque” do governo petista, marcando presença maciça com 12 ministros, dezenas de deputados da legenda e o próprio vice-presidente Geraldo Alckmin.
Com diferentes partidos presentes, a festa de felicitações do deputado Elmar serviu como oportunidade para Lula enviar o recado de que “posso ser velho, impopular e um péssimo presidente, mas nesse tabuleiro, eu ainda sei mexer as peças.”
Mais recentemente, em entrevista na TV Record, Lula novamente fez um aceno aos parlamentares, enaltecendo a sua habilidade de se relacionar com o Legislativo, chegando a afirmar: “Eu não sou melhor do que ninguém, mas não tem ninguém melhor do que eu.” Parece que, pelo menos por mais algum tempo, teremos que engolir toda essa movimentação habilidosa e a influência que Lula ainda tem.
Por Daniel Camilo*
Jornalista e estudante de Direito e Ciências Políticas. Conservador de Direita e Nacionalista. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal pelo Estado de São Paulo. Atualmente, está dedicado à escrita do seu primeiro livro, “Academia do Analfabeto Político”, uma obra que tem ênfase na ética política e no comportamento analítico do cidadão enquanto eleitor.
*A opinião expressa neste artigo é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Brasil Dados News não tem responsabilidade legal pela “OPINIÃO” que é exclusiva do autor.