Gestão à revelia: Léo Moraes ignora critérios técnicos e participação popular

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Eleito sob o discurso da participação ativa da comunidade na administração pública, o prefeito de Porto Velho, Léo Moraes, parece ter deixado suas principais promessas ainda na gaveta. Com pouco mais de 100 dias à frente da prefeitura, sua gestão acumula episódios de decisões centralizadas, aparelhamento político e afastamento dos compromissos firmados com a população.

Durante a campanha, Léo prometeu fortalecer o Conselho Comunitário Municipal, transformando-o em um órgão permanente e com atribuições além das meramente consultivas, atuando como um verdadeiro instrumento da sociedade civil na formulação de políticas públicas. “Fortalecer e incentivar a população a participar efetivamente da construção do Orçamento Municipal”, dizia ele, prometendo também fóruns de discussão, consultas públicas e ferramentas para garantir a voz ativa da comunidade.

Na prática, o que se viu foi o contrário. Logo no início da gestão, sem qualquer diálogo com o Conselho Municipal, o prefeito enviou à Câmara um projeto de reforma administrativa que funde as pastas de Esporte, Turismo e Cultura – até então, áreas com orçamentos e estruturas separadas. A medida foi duramente criticada por lideranças esportivas e culturais da cidade, que acusam a prefeitura de desmonte institucional e apagamento de políticas públicas essenciais.

Como se não bastasse, Léo nomeou seu irmão, Paulo Moraes Júnior, para chefiar a nova superpasta, contrariando a própria promessa de adotar critérios técnicos e de conduta ilibada na nomeação de secretários e cargos de confiança.

A gestão também tem sido marcada por nomeações políticas negociadas nos bastidores. O secretário-geral de Governo, Oscar Dias, é apontado como articulador de cargos estratégicos, como a nomeação de Raí Ferreira para a Superintendência Municipal de Distritos e a acomodação do ex-vereador Isaque Machado, crítico declarado de Léo durante a campanha. Ambos, segundo fontes da própria prefeitura, não preencheriam os critérios mínimos exigidos para as funções.

Outra manobra que gerou indignação foi a união das pastas de Meio Ambiente e Agricultura – áreas com agendas frequentemente conflitantes – em uma única estrutura, dificultando uma atuação técnica e independente em temas sensíveis, como licenciamento ambiental e conservação de áreas verdes.

Além do desprezo pela participação comunitária e pelo critério técnico, denúncias internas indicam práticas de assédio institucional. Servidores da Superintendência Municipal de Licitações (SML) relatam que o próprio Oscar Dias teria ameaçado exonerar todos os indicados por vereadores, sob suspeita de “vazamento de informações para a oposição”. Uma medida interpretada por muitos como perseguição política e tentativa de silenciar denúncias.

O saldo dos primeiros meses de gestão Léo Moraes é um acúmulo de contradições e uma crescente sensação de que a “voz ativa da comunidade” serviu apenas como slogan de campanha. Na prática, o que tem prevalecido é o silêncio forçado, o loteamento de cargos e o distanciamento da população das decisões que afetam o presente e o futuro de Porto Velho.

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