A redução do elenco nos últimos anos ajudou a Globo a voltar a lucrar, mas trouxe consigo consequências indesejadas. Entre elas está a perda de prestígio entre artistas que começaram suas carreiras na própria emissora.
No passado, era inconcebível que um ator ou jornalista recusasse uma proposta da maior empresa de comunicação do Brasil. Hoje, isso se tornou corriqueiro. Convites para papéis em novelas, entrevistas em programas e até homenagens em aniversários de novelas clássicas são frequentemente rejeitados.
Muitos artistas, cujos contratos não foram renovados, demonstram ressentimento com a emissora. Sentem-se injustiçados e desvalorizados. É compreensível o impacto de ser desligado da Globo após 10, 20 ou 30 anos de vínculo fixo, com salário mensal e prestígio.
No entanto, o mundo mudou. A televisão precisou se reinventar para sobreviver às flutuações econômicas e à crescente concorrência. Aqueles que desfrutaram de uma longa fase de privilégios deveriam ser gratos, ao invés de se colocarem como vítimas e criticarem a emissora.
A decisão de dispensar celebridades da teledramaturgia diminuiu parte do encanto da Globo, que também foi afetada pela ascensão contínua da internet e das celebridades das redes sociais. Estes, aliás, não dependem da televisão e muitas vezes superam os atores de novelas em termos de fama e influência.
Além do desconforto com um elenco repleto de novatos, a emissora enfrenta o desinteresse pelas novelas atuais. Embora a audiência ainda garanta a liderança isolada no Ibope, a repercussão não é a mesma.
Ademais, as críticas e ironias sobre a programação, feitas por ex-globais magoados, reforçam a impressão de que o canal está em declínio. A era de ouro da Globo ficou no passado.